A Morte de Maria Padilha Das Almas
Ela
ja estava velha. Tão velha que havia esquecido-se Do seu verdadeiro nome.
O
nome real dela não era Padilha, Não, o nome dela de verdade era um Nome comun,
de menina pobre
Do
interior do brasil. Quando ela ainda infanta Chegou no Cabaré de Quitéria Foi
exigido que ela escolhesse
Um
novo nome. Todas as prostitutas dali tinham nomes de guerra, codinomes
franceses,
Tinha
Désirée, Nicole, Franciele, Emmanuelle, Lorraine, Marie... O que não faltava
eram prostitutas Com nomes francês, puro cliché... Foi então que ela ouviu na
rua Dois fidalgos a prosear, Eles comentavam sobre uma Mulher ilustre do
passado Falavam dela com absoluto fascínio. O alvo dos comentários era A amante
do Rei Afonso de Castela, Uma mulher de beleza E personalidade tão intensa Que
marcou a história da Espanha. Este mulher se chamava "Maria Padilla de
Abajo", Da família mais nobre de Sevilha.
Foi
dessa figura histórica que Maria Padilha copiou o nome. Quitéria ficou muito
satisfeita
Com
este nome de categoria, Seria um enorme sucesso, E realmente foi. Maria Padilha
não foi prostituta Por muito tempo, em menos de uma Decada ela assumiu como
gerente do Cabaré, e consequentemente Com a morte de Quitéria ela se Tornou a
dona. Mais de trinta anos depois O Cabaré era um sucesso contínuo. Mas Após
trinta anos ela Estava cansada. Já havía passado dos cinqüenta Mas por causa da
sua intensa Bruxaria ela conservava A aparência de moça, Há quem diga que seu
feitiço Consistía em roubar a juventude Das prostitutas novas da casa, E de
fato todas as desafetas sempre Envelheciam muito rápido.
A
feitiçaria dava a ela Uma beleza não natural. Por fora bela viola Por dentro
pão bolorento. Não era culpa dela, a vida Que levou na noite causou feridas
Irreparáveis em sua alma. Após ter vivido mútuos romances, E após ter tido
aquele tórrido Enlace com Tranca Ruas Que foi interrompido com a morte Précoce
dele ela havia se fechado Para o amor. Mas agora ja com sendo uma Mulher madura
ela sentiu novamente Uma real necessidade de ser amada, De ter amor novamente.
Mas meteu os pés os pelas mãos. Ela se gostava dos rapazes, dos jovens E
alegres, eles tinha o frescor Que ela à muito havia perdido. Nenhum deles
imaginava quem Ela era de verdade. Uma bruxa, cafetina, assasina... Maria
Padilha era letal. Logo ela arranjou diversos amantes, Mais precisamente sete.
Cada um era mais belo que o outro. Um deles não queria somente Ser amante, esse
jovem em questão Se chamava Paulo e Era o único dos sete que sabia quem Ela era
e de todo dinheiro que Ela tinha, por isso ele muitas vezes Propôs casamento.
Mas
ela sempre disse não. Para que um marido se Ela podia ter vários namorados? Ela
não queria nada além de Amor e diversão. Paulo a princípio teve por ela Interesse
financeiro, Mas com as constantes recusas Aos seus pedidos de compromisso Ele
ficou obcecado. Padilha vendo que o rapaz Estava descontrolado rompeu o caso e
se separou. Ele caiu na bebida, se entregou, Virou um vagabundo. A família
então o enviou Para um monasterio na Itália Para que ele parasse de Sujar o
nome deles Com o comportamento Imoral que tinha. Ele estava com louco, Até
mesmo violento, Mas os padres souberam acalma-lo. Padilha continuou no Brasil Ganhando a vida
com o Cabaré. Paulo ficou no monasterio Por quinze anos e nesse tempo Foi
ordenado padre também. Após esses anos ele voltou para o Brasil afim de
substituir o velho Cônego de sua cidade natal, E assim o fez. Maria Padilha
ainda tinha Cara e corpo de moça Graças as incessantes bruxarias. Mas seu andar
ja era vagaroso E sua voz mais rouca Pois ela ja havia passado Dos sessenta
anos. Certo dia uma prostituta da casa Ficou grávida e ao parir perdeu Muito
sangue. Padilha ordenou que buscassem O padre para dar a extrema unção. Paulo
foi até o Cabaré, Era a sina de um padre ir sempre Onde o chamavam. Ele rezava
pela alma da moça Mas também por si mesmo Para não cair em tentação. Padilha
não o reconheceu, E também não estranhou nervosismo com que o padre Se portava. Após o fim do rito Paulo pediu
para falar com Padilha Em particular, e ela ja o aguardava Em seu quarto com
uma quantia Em ouro, pois era comum Molhar as mãos dos sacerdotes Para se ter
bom relacionamento Na cidade. Paulo ao ficar a sós com ela Viu que ainda era a
mulher Mais bela todas, Não resistiu e a beijou. Ela nuito surpresa perguntou O
que significava aquilo e ele Contou quem era. Ela se lembrou dele E vendo que
agora mais velho Ele e estava ainda mais belo ela Gostou daquela situação tão
exótica e Se tornou então amante do padre. E que padre... Ele era loiro dos
olhos zuis como duas lagoas de água Cristalina, tinha os lábios mais Belos e o
sorriso mais largo que Ela ja havia visto. Ele ia sempre que podia Escondido ao
Cabaré e juntos Viviam noites de paixão Mas algo aconteceu. Padilha ainda tinha
outros amantes. Um destes amantes foi se confessar E para o Padre Paulo ele
contou Que era enamorado dela. Paulo voltou a seu estado de loucura. Esse rapaz
foi achado morto Em um matagal, Fora assassinado a facadas. Dias depois outro
amante de Padilha Foi se confessar na igreja e logo em Seguida também apareceu
morto. Paulo estava matando todos os Seus concorrentes. Quando o quinto homem
morreu Padilha decidiu investigar Já que so morriam aqueles que Eram próximos a
ela. Mandou um de seus capangas Fingir que era seu amante por Um semana. Foi
algo armado, a propria Padilha Gritou aos quatro ventos que Estava apaixonada
por ele, Tudo para chamar a atenção do Assassino. Esse capanga a alertou que
Que estava sendo constantemente Seguido por um homem Que usava uma capa preta
que
Cobria
todo o corpo e ocultava a face. Padilha então pensou em Uma emboscada, mandou
seu Capanga ir pescar em um rio Na mata isolada. O homem parecía estar sozinho
Mas Padilha e seus demais jagunços
Estavam
escondidos à espreita.
Foi
então que ela viu Um vulto se aproximar, Vinha ligeiro o vulto negro, Era sim o
homem da capa preta.
Assim
que ele se aproximou Do jagunço que pescava Padilha viu o brilho metálico Da
lámina de uma faca reluzir Na única mão que o assassino Deixara a vista. Ele
iria matar o jagunço pelas costas. Quando ele se aproximou mais Ela se
levantou, saiu de trás Da moita que estava e com A garrucha nas mãos ela
atirou.
O
tiro pegou no rosto do homem, Ele correu, ao ver os vários Jagunços de Padilha
vindo Ele fugiu. Como as armas da época so atiravam Uma única vez e precisavam Ser
recarregadas manualmente Ele teve tempo de escapar. Padilha procurou por toda A
região mas nao encontrou nem Sinal do matador, Porém ela sabia que havia
Acertado um balaço de chumbo No rosto dele, mesmo que so Tivesse pego de raspão
Ele estaria com a cara marcada Para
sempre. Foi então que ela resolveu ir a igreja Ela iria pedir a ajuda de Paulo Para
que ele ao saber de notícias Ou de pistas de quem era o homem Avisasse ela e
seus capangas. Quando Padilha entrou na parte Dos fundos da igreja ela viu Paulo
de costas, ao ao dizer O nome dele ele correu.
Padilha
pensou que o matador Poderia estar ali dentro da igreja, Por isso Paulo havia
corrido, E pensando em protege-lo foi atrás. Seguiu o Padre Paulo pelos
corredores E escadarias até que subiu Na torre do sino,
A
torre mais alta da igreja. Ela viu Paulo encostado em um Dos parapeitos de
costas E foi até ele, pôs a mão no ombro E o puxou para que ficassem Frente a
frente. Padilha quando viu rosto de Paulo Deu um passo para trás, Ela não
acreditava no via, A face dele estava marcada com um Longo risco, um corte
feito Por um tiro de raspão. Ela soube ali que era ele o assasino. Paulo era o
Capa-Preta.
Ele
tentou explicar, mas quanto Mais falava mais Padilha o enojava, Ele havia
matado bem mais que cinco
Ja
passava dos quinze os homens Que ele havia esfaqueado pelas costas. Alguns
Padilha nem sequer conhecia Mas só deles
dirigirem o olhar para Ela quando passava na rua Paulo ja via motivo para
matar.
Ele
disse que largaria a batina Se eles dois se casassem, Mas ela recusou, Sacou o
seu punhal e foi para cima
Ela
iria matar ele ali mesmo Antes que ele fugisse. Paulo era um homem Alto e muito forte, Ele desviou de todos os
ataques, Mas na ultima investida ela Se jogou contra ele, O parapeito da velha
torre Quebrou e os dois cairam, Despencaram mais de vinte metros. Morreram.
Quando as pessoas da cidade Vieram ver elas reconheceram O corpo do padre, mas
todos Se perguntavam quem era aquela Velha ao lado dele. A magia de Padilha na
hora da morte Perdeu o efeito e o seu corpo morto Mostrou a idade que tinha de
fato, Era uma velha com quase setenta anos. As meninas do Cabaré a reconheceram
Pelo vestido e pelo punhal, Elas sabiam que na hora da morte Toda feitiçaria se
acaba.
As
prostitutas eram proibidas De serem enterradas no cemitério, Pois ali era solo
cristão. Mas como ninguem da cidade Reconhecia o corpo, Padilha foi enterrada
lá dentro, Bem em frente a capela das almas.
Ela
é agora a Pombagira Maria Padilha das Almas. Maria Padilha Feiticeira...
Feiticeira...
Tantos
homens a queriam... E foi por causa de um deles Que ela perdeu a vida.
Saravá!
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