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quinta-feira, 17 de novembro de 2022

A MORTE DE MARIA PADILHA DAS ALMAS

                            A Morte de Maria Padilha  Das Almas

 

Ela ja estava velha. Tão velha que havia esquecido-se Do seu verdadeiro nome.

O nome real dela não era Padilha, Não, o nome dela de verdade era um Nome comun, de menina pobre

Do interior do brasil. Quando ela ainda infanta Chegou no Cabaré de Quitéria Foi exigido que ela escolhesse

Um novo nome. Todas as prostitutas dali tinham nomes de guerra, codinomes franceses,

Tinha Désirée, Nicole, Franciele, Emmanuelle, Lorraine, Marie... O que não faltava eram prostitutas Com nomes francês, puro cliché... Foi então que ela ouviu na rua Dois fidalgos a prosear, Eles comentavam sobre uma Mulher ilustre do passado Falavam dela com absoluto fascínio. O alvo dos comentários era A amante do Rei Afonso de Castela, Uma mulher de beleza E personalidade tão intensa Que marcou a história da Espanha. Este mulher se chamava "Maria Padilla de Abajo", Da família mais nobre de Sevilha.

Foi dessa figura histórica que Maria Padilha copiou o nome. Quitéria ficou muito satisfeita

Com este nome de categoria, Seria um enorme sucesso, E realmente foi. Maria Padilha não foi prostituta Por muito tempo, em menos de uma Decada ela assumiu como gerente do Cabaré, e consequentemente Com a morte de Quitéria ela se Tornou a dona. Mais de trinta anos depois O Cabaré era um sucesso contínuo. Mas Após trinta anos ela Estava cansada. Já havía passado dos cinqüenta Mas por causa da sua intensa Bruxaria ela conservava A aparência de moça, Há quem diga que seu feitiço Consistía em roubar a juventude Das prostitutas novas da casa, E de fato todas as desafetas sempre Envelheciam muito rápido.

A feitiçaria dava a ela Uma beleza não natural. Por fora bela viola Por dentro pão bolorento. Não era culpa dela, a vida Que levou na noite causou feridas Irreparáveis em sua alma. Após ter vivido mútuos romances, E após ter tido aquele tórrido Enlace com Tranca Ruas Que foi interrompido com a morte Précoce dele ela havia se fechado Para o amor. Mas agora ja com sendo uma Mulher madura ela sentiu novamente Uma real necessidade de ser amada, De ter amor novamente. Mas meteu os pés os pelas mãos. Ela se gostava dos rapazes, dos jovens E alegres, eles tinha o frescor Que ela à muito havia perdido. Nenhum deles imaginava quem Ela era de verdade. Uma bruxa, cafetina, assasina... Maria Padilha era letal. Logo ela arranjou diversos amantes, Mais precisamente sete. Cada um era mais belo que o outro. Um deles não queria somente Ser amante, esse jovem em questão Se chamava Paulo e Era o único dos sete que sabia quem Ela era e de todo dinheiro que Ela tinha, por isso ele muitas vezes Propôs casamento.

Mas ela sempre disse não. Para que um marido se Ela podia ter vários namorados? Ela não queria nada além de Amor e diversão. Paulo a princípio teve por ela Interesse financeiro, Mas com as constantes recusas Aos seus pedidos de compromisso Ele ficou obcecado. Padilha vendo que o rapaz Estava descontrolado rompeu o caso e se separou. Ele caiu na bebida, se entregou, Virou um vagabundo. A família então o enviou Para um monasterio na Itália Para que ele parasse de Sujar o nome deles Com o comportamento Imoral que tinha. Ele estava com louco, Até mesmo violento, Mas os padres souberam acalma-lo.   Padilha continuou no Brasil Ganhando a vida com o Cabaré. Paulo ficou no monasterio Por quinze anos e nesse tempo Foi ordenado padre também. Após esses anos ele voltou para o Brasil afim de substituir o velho Cônego de sua cidade natal, E assim o fez. Maria Padilha ainda tinha Cara e corpo de moça Graças as incessantes bruxarias. Mas seu andar ja era vagaroso E sua voz mais rouca Pois ela ja havia passado Dos sessenta anos. Certo dia uma prostituta da casa Ficou grávida e ao parir perdeu Muito sangue. Padilha ordenou que buscassem O padre para dar a extrema unção. Paulo foi até o Cabaré, Era a sina de um padre ir sempre Onde o chamavam. Ele rezava pela alma da moça Mas também por si mesmo Para não cair em tentação. Padilha não o reconheceu, E também não estranhou nervosismo com que o padre  Se portava. Após o fim do rito Paulo pediu para falar com Padilha Em particular, e ela ja o aguardava Em seu quarto com uma quantia Em ouro, pois era comum Molhar as mãos dos sacerdotes Para se ter bom relacionamento Na cidade. Paulo ao ficar a sós com ela Viu que ainda era a mulher Mais bela todas, Não resistiu e a beijou. Ela nuito surpresa perguntou O que significava aquilo e ele Contou quem era. Ela se lembrou dele E vendo que agora mais velho Ele e estava ainda mais belo ela Gostou daquela situação tão exótica e Se tornou então amante do padre. E que padre... Ele era loiro dos olhos zuis como duas lagoas de água Cristalina, tinha os lábios mais Belos e o sorriso mais largo que Ela ja havia visto. Ele ia sempre que podia Escondido ao Cabaré e juntos Viviam noites de paixão Mas algo aconteceu. Padilha ainda tinha outros amantes. Um destes amantes foi se confessar E para o Padre Paulo ele contou Que era enamorado dela. Paulo voltou a seu estado de loucura. Esse rapaz foi achado morto Em um matagal, Fora assassinado a facadas. Dias depois outro amante de Padilha Foi se confessar na igreja e logo em Seguida também apareceu morto. Paulo estava matando todos os Seus concorrentes. Quando o quinto homem morreu Padilha decidiu investigar Já que so morriam aqueles que Eram próximos a ela. Mandou um de seus capangas Fingir que era seu amante por Um semana. Foi algo armado, a propria Padilha Gritou aos quatro ventos que Estava apaixonada por ele, Tudo para chamar a atenção do Assassino. Esse capanga a alertou que Que estava sendo constantemente Seguido por um homem Que usava uma capa preta que

Cobria todo o corpo e ocultava a face. Padilha então pensou em Uma emboscada, mandou seu Capanga ir pescar em um rio Na mata isolada. O homem parecía estar sozinho Mas Padilha e seus demais jagunços

Estavam escondidos à espreita.

Foi então que ela viu Um vulto se aproximar, Vinha ligeiro o vulto negro, Era sim o homem da capa preta.

Assim que ele se aproximou Do jagunço que pescava Padilha viu o brilho metálico Da lámina de uma faca reluzir Na única mão que o assassino Deixara a vista. Ele iria matar o jagunço pelas costas. Quando ele se aproximou mais Ela se levantou, saiu de trás Da moita que estava e com A garrucha nas mãos ela atirou.

O tiro pegou no rosto do homem, Ele correu, ao ver os vários Jagunços de Padilha vindo Ele fugiu. Como as armas da época so atiravam Uma única vez e precisavam Ser recarregadas manualmente Ele teve tempo de escapar. Padilha procurou por toda A região mas nao encontrou nem Sinal do matador, Porém ela sabia que havia Acertado um balaço de chumbo No rosto dele, mesmo que so Tivesse pego de raspão  Ele estaria com a cara marcada Para sempre. Foi então que ela resolveu ir a igreja Ela iria pedir a ajuda de Paulo Para que ele ao saber de notícias Ou de pistas de quem era o homem Avisasse ela e seus capangas. Quando Padilha entrou na parte Dos fundos da igreja ela viu Paulo de costas, ao ao dizer O nome dele ele correu.

Padilha pensou que o matador Poderia estar ali dentro da igreja, Por isso Paulo havia corrido, E pensando em protege-lo foi atrás. Seguiu o Padre Paulo pelos corredores E escadarias até que subiu Na torre do sino,

A torre mais alta da igreja. Ela viu Paulo encostado em um Dos parapeitos de costas E foi até ele, pôs a mão no ombro E o puxou para que ficassem Frente a frente. Padilha quando viu rosto de Paulo Deu um passo para trás, Ela não acreditava no via, A face dele estava marcada com um Longo risco, um corte feito Por um tiro de raspão. Ela soube ali que era ele o assasino. Paulo era o Capa-Preta.

Ele tentou explicar, mas quanto Mais falava mais Padilha o enojava, Ele havia matado bem mais que cinco

Ja passava dos quinze os homens Que ele havia esfaqueado pelas costas. Alguns Padilha nem sequer  conhecia Mas só deles dirigirem o olhar para Ela quando passava na rua Paulo ja via motivo para matar.

Ele disse que largaria a batina Se eles dois se casassem, Mas ela recusou, Sacou o seu punhal e foi para cima

Ela iria matar ele ali mesmo Antes que ele fugisse. Paulo era um homem  Alto e muito forte, Ele desviou de todos os ataques, Mas na ultima investida ela Se jogou contra ele, O parapeito da velha torre Quebrou e os dois cairam, Despencaram mais de vinte metros. Morreram. Quando as pessoas da cidade Vieram ver elas reconheceram O corpo do padre, mas todos Se perguntavam quem era aquela Velha ao lado dele. A magia de Padilha na hora da morte Perdeu o efeito e o seu corpo morto Mostrou a idade que tinha de fato, Era uma velha com quase setenta anos. As meninas do Cabaré a reconheceram Pelo vestido e pelo punhal, Elas sabiam que na hora da morte Toda feitiçaria se acaba.

As prostitutas eram proibidas De serem enterradas no cemitério, Pois ali era solo cristão. Mas como ninguem da cidade Reconhecia o corpo, Padilha foi enterrada lá dentro, Bem em frente a capela das almas.

Ela é agora a Pombagira Maria Padilha das Almas. Maria Padilha Feiticeira... Feiticeira...

Tantos homens a queriam... E foi por causa de um deles Que ela perdeu a vida.

Saravá! 

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